domingo, 9 de agosto de 2009
EUA veem avanço do Brasil no debate sobre clima
SAO PAULO (Reuters) - O Brasil tem poder e credibilidade para assumir liderança nas discussões internacionais sobre mudanças climáticas e ajudar a garantir o sucesso de um novo tratado para a redução do aquecimento global, disse nesta quinta-feira o principal diplomata dos EUA na área de meio ambiente.
Pioneiro em energia limpa e no uso de biocombustíveis como o etanol, o Brasil pode consolidar suas credenciais para a preservação ambiental se conseguir frear o desmate na Amazônia, afirmou o enviado norte-americano para mudanças climáticas, Todd Stern, após uma visita de três ao país.
"Eles têm um grande desafio, mas também uma enorme oportunidade em relação à Amazônia", disse Stern a um pequeno grupo de jornalistas em São Paulo, antes de retornar aos EUA.
"O desmatamento evitado contará como redução de emissões no acordo que estamos negociando", afirmou o diplomata, acrescentando que reconhece a dificuldade de proteger uma área tão extensa quanto a floresta amazônica.
No ano passado, o Brasil abandonou a antiga oposição a metas em relação ao desmate e prometeu reduzir o corte da floresta em 50 por cento em dez anos.
Dados oficiais divulgados nesta semana mostraram que o Brasil obteve algum progresso na redução da destruição da maior floresta tropical do mundo, levando o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a prever que o desmate poderia chegar ao menor nível dos últimos 20 anos.
Enquanto o Brasil avança na preservação da Amazônia, o país tem sido relutante a adotar metas rígidas para a emissão de gases do efeito estufa, sob o argumento de que os países ricos precisariam fazer mais para diminuir o aquecimento global.
Stern, que foi o negociador sênior da Casa Branca nas negociações do Protocolo de Kyoto em 1997, reconheceu que os países desenvolvidos têm maior responsabilidade na redução das emissões. Mas também sugeriu que grandes economias emergentes como o Brasil terão de fazer a sua parte para haver um novo acordo internacional na cúpula sobre a mudança climática, marcada para dezembro, em Copenhague.
"Acho que o Brasil está em um estágio de seu desenvolvimento em que, do meu ponto de vista, é muito legítimo buscar lançar-se no cenário global", ele disse.
"E acho que um assunto como esse, de enorme importância para o mundo..., é uma oportunidade ideal para o Brasil demonstrar liderança no cenário mundial. E, se você quer ser um ator global, é isso que tem de fazer".
Stern, que, além de Minc, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e com a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, afirmou que volta aos EUA com a sensação de que o governo brasileiro está pronto para aproveitar a oportunidade de assumir a liderança no debate sobre mudanças climáticas.
"Realmente acho que o Brasil vai fazer isso", afirmou.
Em entrevista à Reuters em 10 de junho, Lula sinalizou nessa direção ao dizer que o Brasil estava disposto a adotar metas de emissão de gases se os países ricos comprometerem-se a fazer mais para diminuir as mudanças climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o mundo precisa reduzir as emissões de gases do efeito estufa de 25 a 40 por cento abaixo dos níveis registrados em 1990 até 2020 para conseguir evitar os impactos das alterações no clima.
Países em desenvolvimento, liderados por emergentes como China e Brasil, têm pressionado as nações ricas para reduzir as emissões em 40 por cento -- ou até mais. Os paises desenvolvidos, no entanto, rejeitam a proposta, com receio do impacto econômico.
A visita de Stern ao Brasil ocorre após uma viagem de igual propósito à Índia, outro grande e influente país emergente nas negociações sobre o clima. As discussões com as autoridades indianas apresentaram avançaram um pouco em temas como corte de emissões e transferência de tecnologia limpa.
jueves, 30 de abril de 2009
martes, 24 de marzo de 2009
las emisiones en las metropolis brasileras
Metrópoles brasileiras emitem menos gases de efeito estufa - AFRA BALAZINA
Paulistanos e cariocas estão entre os moradores de grandes cidades do mundo que menos emitem gases-estufa, segundo um estudo que comparou 12 metrópoles em três continentes.
Considerando o total de CO2 emitido por habitante, as cidades brasileiras ficaram atrás até mesmo de cidades europeias, consideradas "limpas", e muito atrás de metrópoles norte-americanas e asiáticas.
São Paulo e Rio têm maiores emissões no setor de lixo, mas no setor de transporte elas ficam abaixo das demais analisadas.
Nova York, por exemplo, captura o metano dos aterros sanitários e possui emissão zero em resíduos sólidos.
Em São Paulo, que também capta metano nos aterros Bandeirantes e São João, as emissões desse setor representam 23,6% do total municipal. No Rio, elas representam 36,5%.
O dado não é motivo para comemorar, já que a avaliação não diz respeito à poluição do ar nas cidades --nesse quesito, São Paulo continua entre as piores do mundo, especialmente no setor de transporte.
E o estudo lembra que, no Brasil, as maiores emissões são provenientes de desmatamento e da criação de gado.
Se forem levadas em conta as emissões totais (e não a per capita), as cidades brasileiras estão próximas de Washington e Glasgow. Mas ainda emitem bem menos do que Londres, Nova York e Toronto.
Segundo a pesquisa, publicada no periódico "Environment & Urbanization", as grandes cidades nem sempre são as maiores vilãs do clima. O levantamento mostra que em metrópoles como São Paulo, Londres e Nova York as emissões per capita são bem menores do que a média nacional.
Os nova-iorquinos respondem por menos de um terço da média de emissão dos EUA. Os londrinos, por pouco mais da metade das emissões da média do Reino Unido. Em São Paulo e no Rio, as emissões per capita não chegam a um terço da média brasileira.
O autor do estudo, David Dodman, pesquisador do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, afirma que não há nenhuma ligação fundamental entre a urbanização e altos níveis de emissão de gases-estufa.
"Ao contrário, cidades bem planejadas e bem geridas podem desempenhar um papel central para ajudar a mitigar a mudança climática", diz.
Na Ásia, por exemplo, ele ressalta que a cidade mais rica, Tóquio, tem menores emissões por pessoa do que Pequim ou Xangai. 'Isso mostra que a prosperidade não conduz, inevitavelmente, ao aumento das emissões', diz Dodman.
De acordo com ele, em Londres as emissões de transporte são menores do que na maioria das grandes cidades 'como resultado de alto uso de transporte coletivo, grande investimento em infraestrutura e políticas para promover alternativas ao uso de veículos'.
Vazamento
Os inventários não levam em conta onde os itens são consumidos. Isso pode beneficiar algumas cidades avaliadas, já que muitos processos poluentes de fabricação e com alta emissão de carbono já não estão mais localizados nessas metrópoles, mas em outras partes do mundo em que os salários são mais baixos e há menor rigor ambiental. Esse tipo de "vazamento" é o que torna as emissões chinesas tão altas.
Segundo o consultor Fabio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas, essa é uma questão relevante. "Uma usina termelétrica pode estar localizada em outra cidade e sua energia ser usada em São Paulo, por exemplo. A qual delas você atribui a emissão?", questiona.
Ele lembra que, se a região amazônica fosse avaliada, as emissões per capita seriam altíssimas -pois a população é pequena e há muito desmatamento e gado.
O declínio das indústrias nas grandes cidades também explica em parte a situação. No Rio, a proporção das emissões do setor industrial passou de 12% em 1990 para 6,2% em 1998.